TV on The Radio - Nine Types of Light


Me apaixonei depois de escutar a “Crying” que nem dá tanta vontade de chorar assim e me obcequei pra valer, mesmo, depois do “Dear Sciense”; melhor disco do Lo-Fi que já escutei na vida! Aí vieram as semelhanças perturbadoras assim que conheci os amigos do The National. Até achava que o Matt Berninger fazia umas participações especiais escondidas e tal. Desencanei quando vi o primeiro vídeo deles ao vivo. Pois então, eu quis revisar esse disco, o último que saiu, porque nunca testemunhei uma transposição sentimental tão estrondosa, visceral, estraçalhadora e prodigiosamente descomunal em matéria de coração. O motivo: a morte do baixista da banda Gerard Smith, nas gravações do disco em questão. Diagnosticado com um câncer em fase terminal no pulmão, o último pedido de Smith foi que seus amigos terminassem as gravações e o deixassem ouvir antes de sua morte. O sofrimento de todos que participavam da rotina da banda em estúdio foi determinantemente reverberada em “Nine Types of Light”, um dos discos mais carregados que já escutei. O ápice se encontra entre as faixas “Will Do” e “Killer Crane”, principalmente em “Killer Crane”. Que música sensacional, que feeling. Contudo, a diferença de humor desse álbum só se torna notória se escutarmos os anteriores e entendermos a dedicatória à Gerard Smith presente aqui, mesmo que intimamente. A grande atipicidade, aqui, é encontrar um TV on The Radio melancólico, quase inércio e inferente à mensagens de amor e esperança em suas composições. Em contraposição à essas diferenças; um álbum expressivo, intimista, deliberadamente humano e sensível, como de costume.

Beirut - The Rip Tide

Depois do excelente “The March of Zapotec” e do patinho feio “Realpeople – Holand”, Zach Condon extrapola, de novo em “The Rip Tide”; novo compacto do folker boa praça e cérebro do Beirut. A genuinidade do “The Flying Club Cup” que havia se perdido desde o “Gulag Orkestar”; melhor disco deles, em minha singela opinião, finalmente retorna num disco que homenageia, até sua cidade natal em “Santa Fe” - título do single e homônimo de sua cidade. Pois é, o Beirut voltou. E voltou com as mesmas cornetinhas determinantes e essenciais em toda a obra, com as sanfonas em demasia e com o vocal ora cabalístico, ora tímido, mas sempre intimista e conciso no que diz respeito à importância trivial de toda a estrutura do grupo. Houveram muitas críticas em relação à ordem das músicas e ao tempo de duração da audição do disco. Quanto à ordem das musicas no disco, nem me atrevo a opinar. Porém, quanto ao tempo de duração do compacto é necessário entendermos que, tudo que é bom, dura pouco. O ditado é clichê e bem pobre, mesmo. Mas clarifica toda a indagação quanto à rapidez com que passa o “The Rip Tide”. Acontece que o compacto em questão é tão belo e sereno que escutamos sem preocupação alguma e, quando nos damos por nós, o disco já acabou. O belo está no simples, afinal. Em contra posição às mesmas críticas anotadas ao “The Rip Tide”, podemos citar o extenso “Illinois” de 22 faixas do Sufjan Steves; outro compositor norte-americano da mesma patota de Zach. Discos mais demorados que esse só mesmo os do Rogers Waters e cia. É que, não obstante à tudo o que se ponderou aqui, há discos de excelência indiscutível por aí, só que tão extensos que se tornam enfadonhos. Contudo, as nove faixas de “The Rip Tide” externa pela milésima vez a essência do Beirut e acaba com a angustia de um hiato necessário para que Zach jogasse fora de vez as pick-ups do último EP e voltasse a fazer folk music de verdade. Excelente “The Rip Tide”, excelente por regra, se tratando de Beirut e previsivelmente excelente se tratando de Zach Condon.

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