Fogo Amigo - Casa, Cordas e Alguns Geradores


Demorei mais de um mês para conseguir transpor aqui neste texto o que realmente sinto quando escuto o primeiro trabalho do Fogo Amigo.  É que esse álbum é imbuído de uma carga emocional tão densa que em determinados momentos me sinto como parte dos singles. Convenhamos que “Casa, Cordas e Alguns Geradores” possui, antes de tudo, um puta nome conceitual. Todas as linhas harmônicas, sintetizadores e ambiência foram elaborados na casa do próprio autor. Não obstante, se torna quase impossível descrever o tamanho da proporção desse álbum de forma superficial. “Casa, Cordas e Alguns Geradores” é a prova irredutível de que o que determina a beleza e o conteúdo de um trabalho é a capacidade do autor em reverberar suas emoções através das músicas que o compõem, e não a quantidade em demasia das mesmas presentes ali. Com apenas cinco canções, Daniel, autor da obra, consegue passar a quem o escuta tudo aquilo que permeava sua alma no momento de suas composições. Em minha opinião, todos os seus anseios, aflições, sonhos e paixões são transpostos aqui de forma humana e devastadora. O carro chefe do disco em questão chama-se “Plano de Fuga”. Em suma, nunca vi uma música instrumental tão confiante e sincera como esta.  A principal nuance desse trabalho é propiciar ao ouvinte lembranças de momentos vividos que se encaixam perfeitamente como o título e a melodia das canções. E o que acontece quando nenhuma dessas lembranças lhe vem à cabeça? Você cria! E é esse o efeito que  faz de “Casa, Cordas e Alguns Geradores” um álbum excepcional e inigualável em matéria de paixão e sinceridade.  Uma vez que assimilada sua essência, o ouvinte se torna capaz de teletransportar para situações que se encaixam perfeitamente com os singles. Prova disso é o que sinto ao escutar “Sonhando”; faixa três do disco. Contudo, como dito no começo desta resenha, se tornaria impossível explanar sobre esse álbum através de um texto simples e superficial como este. Porém, tudo que foi registrado aqui manifesta-se como primordial, uma vez que o disco em questão significa não só mais um trabalho independente realizado com maestria , mas também uma transposição sentimental tamanha que toca o âmago de quem lhe é apresentado e emociona quem compreende sua essência.